26 de fev. de 2014

catfish: the tv show te adicionou como amigo. aceitar: sim ( ) não ( )

Catfish: The TV Show é mais um daqueles programas no formato documentário que a MTV norte-americana passou a fazer nos últimos anos (tipo o MADE, Teen Mom e 16 and Pregnant). Baseado no documentário homônimo de 2010, ele explora o universo dos relacionamentos virtuais, principalmente os caracterizados por um envolvimento amoroso. Com apresentação de Nev Schulman (protagonista e vítima de uma catfish no documentário de 2010) e Max Joseph, cada episódio mostra a história de uma pessoa que vive um relacionamento virtual e quer conhecer pessoalmente o(a) parceiro(a). Como é de se esperar, até pelo nome do programa, boa parte dessas pessoas acaba sendo vítima de um catfish.


É estranho pensar que mesmo com todas as possibilidades de interação que a internet nos oferece atualmente, ainda existem pessoas que são enganadas através dela diariamente. Pra mim, então, a situação chega a ser inconcebível. Manter um relacionamento virtual por dez anos sem nunca ter visto a pessoa pela webcam? Soa muito estranho. E forçado. Parece até que foi algo roteirizado e produzido apenas para virar um programa de TV mesmo. Mas aí você conhece as histórias e vê as reações daquelas pessoas e algo começa a incomodar. Ou elas nasceram com o dom da atuação ou algo ali está muito errado. E esse "algo errado" logo é mostrado. Porque para cada episódio e relacionamento virtual envolvendo um catfish - termo utilizado na internet para denominar uma pessoa que engana outra através de perfis e informações falsas -, existem dois lados. O do indivíduo que aposta todas as fichas no relacionamento, acredita (ou quer acreditar) que tudo vivido até então é verdade e procura por uma ajuda externa para resolver a situação e o do indivíduo que está nas sombras, o catfish, que geralmente tem algo a esconder. E o mais curioso é que essas duas pessoas possuem um background que em muito contribui para aquela situação estar acontecendo. E o programa acerta em ir além da simples resolução do mistério. É como se depois que Scooby-Doo e sua turma tirassem a máscara do vilão fosse dado a ele a chance de se explicar e de tentar expôr os motivos pelas maldades que fez. E sabe o que é mais engraçado? Na maior parte das vezes o desejo final não é o de condenação.

Conforme os episódios vão passando (são 12 na primeira temporada), vamos percebendo que, na maioria das vezes, tanto as vítimas quanto seus respectivos catfishes são pessoas com problemas de baixo-estima ou que sofreram algum tipo de situação negativa que as fizeram se recolher à aparente segurança de seus computadores. Existem ainda aquelas que buscam, através dos perfis e relacionamentos fakes, algum tipo de aceitação que não encontram por parte de suas famílias, amigos ou círculos sociais em que estão inseridas. É complicado se identificar com qualquer uma das histórias se você tem um histórico de relacionamentos bem sucedidos e nunca passou por alguma situação onde teve problemas de baixo-estima. Quem já viveu sabe ou pelo menos imagina como é difícil resistir ao sentimento de esperança e de desejo para que aquele relacionamento e aquela pessoa, sejam verdadeiros.

No primeiro episódio temos a história de Sunny e Jamison. Sunny é uma estudante de enfermagem que se apaixonou por Jamison, um modelo que ela conheceu através do Facebook. Mas durante os oito meses em que eles conversaram (e trocaram juras de amor) nenhum dos dois se viu. Quando Nev finalmente promove o encontro entre os dois, Sunny descobre que Jamison é na verdade Chelsea, uma garota que criou um perfil para se vingar de uma amiga. Nesse caso, o contraste entre vítima e catfish ficara bem claro: Sunny é atraente, possui um grupo de amigas com quem tem um bom relacionamento e uma qualidade de vida aparentemente satisfatória. Já Chelsea (aka Jamison) conta ter sido vítima de bullying quando estudou, está acima do peso e aparenta ter problemas de socialização. No decorrer do episódio, após a revelação da verdadeira identidade de Jamison, Chelsea assume ser bissexual e afirma ter sentimentos por Sunny.

É nesse ponto que o papel de Nev se torna importante. Não só por ele já ter sido vítima de uma catfish, mas porque sua experiência particular o ajuda a se colocar no lugar dessas pessoas. Em nenhum momento ele está ali para apontar a vítima e/ou o vilão. Ele quer e deseja genuinamente um final feliz para aquelas pessoas. Quando foi vítima do golpe, Nev entrou em contato com sua catfish e através de uma conversa franca, ficou ciente dos motivos que a levaram a enganá-lo. É isso que ele tenta fazer com essas pessoas que buscam por sua ajuda: não somente conhecer/descobrir o que elas estavam escondendo, mas promover uma conversa honesta para que ambos os lados se coloquem no lugar do outro. No sexto episódio da primeira temporada (e um dos meus favoritos) conhecemos a história é de Kya, que se apaixona por um garoto (Dan), sem saber que na verdade ele é Alyx, transexual que está vivendo o processo de transição para o sexo masculino. Ignorando qualquer preconceito, Kya perdoa Alyx e juntas, as duas protagonizam um dos raros finais realmente felizes do programa.

Graças à audiência, Catfish: The TV Show foi renovada para uma segunda temporada, que foi exibida entre junho e outubro do ano passado (e que eu pretendo assistir em breve). A MTV também já confirmou a terceira temporada do programa, mas ainda não existe uma previsão de estreia.

Max e Nev, prontos para olhar nos recantos mais profundos do seu histórico de mensagens

- Fun Fact #1: Nev e Max protagonizam um bromance muito divertido e que pode ajudar no início, se você não estiver conseguindo se envolver com as histórias. Os dois já disseram que não passam de bons amigos, mas o pessoal já escreveu até fanfic, que você pode conferir aqui. EU SHIPPO!

reação do Nev ao ler sua primeira fic Nev/Max

- Fun Fact #2: A trilha sonora da série é MARAVILHOSA! É MTV mostrando que, mesmo deixando os videoclipes de lado ainda dá muita importância para a música. Além de bandas que eu já conhecia como Bombay Bicycle Club e The Lumineers, acabei descobrindo novos (e ótimos) artistas como Benjamin Francis Leftwich e Lucy Rose. As minhas favoritas dos dois são 'Atlas Hand' e 'Night Bus', respectivamente.

Um comentário:

Jéssica disse...

Gu, juro que eu sou quem eu digo ser! rs

Já assisti à alguns episódios, porém, não acompanho fielmente. É bem melancólico ver a explicação das pessoas que praticam esse tipo de engodo, acho que por isso não acompanho.

E a reação dele lendo a fic HAHAHAHAHA